Sobre Biodanza

O que é a biodanza?
 
A Biodanza - Sistema Rolando Toro - é um sistema de integração afetiva, renovação orgânica e reaprendizagem das funções originárias de Vida, baseada em vivências induzidas pela música, pelo movimento, pela emoção, pelo canto e por situações de encontro em grupo, que promovem a integração do ser humano.
 
Tal significa que a Biodanza é um sistema que promove a integração dos potenciais humanos que favorecem uma vida saudável e plena, isto é, estimula e desenvolve a alegria e a vitalidade,a capacidade de sentir prazer no dia-a-dia, a expressão e a criatividade, permite desenvolver a capacidade de vínculo e nutrição afetiva  em harmonia no respeito por toda a forma de vida!
 
 
São potenciais humanos que  devem ser estimulados e desenvolvidos de forma assumida por todos os que procuram uma forma de viver melhor!

Quem pode praticar?

A Biodanza não requer uma preparação prévia, pois não é necessário saber dançar. Simplesmente, ao dançar em grupo, criam-se várias situações que facilitam a integração e o desenvolvimento da identidade do aluno, independentemente da idade de cada um. 

A introdução da música e do movimento em situações de encontro consigo mesmo (danças individuais), com o outro (danças em par) e com os outros (danças em grupo) geram vivências integradoras, capazes de dar ao aluno várias experiências de perceção da vida, muito para além do que nos é possível no quotidiano, tendo a possibilidade de sentir e experimentar a Vida na sua plenitude e diversidade.

Alegria, prazer, bem-estar, harmonia, empatia, simpatia, expressão, criação, sensibilidade, expansão, vitalidade, ímpeto, regressão,  entrega, confiança, permissão, fusão, são sentimentos, emoções que podemos experimentar com uma força tal que toda a nossa existência ganha um outro sentido.


 Tem alguns fins terapêuticos?

Se pensarmos que todas estas palavras,  se não puderem ser incorporadas, trazendo à nossa Vida o seu real significado!, não passam de palavras, então podemos afirmar que esse pode ser um bom propósito para a Biodanza: integrar no corpo, na emoção e na razão a verdadeira dimensão da vida! E tudo isso, com dança, alegria, prazer, amor e harmonia! 

 

Quem procura mais (homens, mulheres, crianças, jovens, adultos)?
 
Porque a Biodanza é um caminho para resgatar, reencontrar a alegria de viver, para desenvolver a autoestima, para atingir níveis aprimorados de uma expressão integrada dos sentimentos e porque possibilita a cada participante que busca conhecimento sobre si um processo ativo e entusiasta, ela é procurada por uma imensa diversidade de pessoas que têm em comum esse desejo.
 
Os grupos de adultos proliferam no país, de norte a sul; há grupos orientados para a terceira idade; e desde há muito que há grupos para crianças; há inclusive Biodanza em Instituições de Solidariedade Social e cada vez mais são solicitadas sessões em Empresas, Escolas e Universidades.
 
 

 

Por isso, a Biodanza...

  Aumenta os níveis de bem-estar, vitalidade e alegria de viver;

  Equilibra o sistema neurovegetativo e orgânico;  

  Reduz os níveis de stress e dissolver tensões físicas;

  Orienta a vida para o desejo e prazer de viver;                                                                        

  Cria e reinventar a vida, expressando a potencialidade humana;

  Desenvolve a autoestima e capacidade de comunicação;

  Melhora os níveis de conexão afetiva, facilitando vínculos nutritivos e relações saudáveis;

  Facilita uma ecologia humana positiva;

  Recupera harmonia orgânica e emocional;

  Promove a capacidade de conexão com a natureza e sentimento de pertencer ao todo.

Como funciona uma sessão de Biodanza?

Uma sessão de biodanza tem a duração de 2 horas distribuídas pelas atividades abaixo explicitadas.

PRIMEIRA MEIA HORA (APROXIMADAMENTE):

-      abordagem de temas teóricos;

-      partilha dos facilitandos/alunos sobre a última sessão e/ou algo relativo à Biodanza e processo em Biodanza;

-      apresentação e normas básicas de funcionamento de uma sessão de Biodanza (apenas quando há alunos novos).

Durante este tempo estaremos sentados em roda.

 

RESTANTES 1H 30 MIN (APROXIMADAMENTE)

Passa-se à parte da aula “dançada”, propriamente dita.

Esta parte da aula tem por base a chamada “curva da aula”, que tem o intuito de reequilibrar o sistema nervoso vegetativo:                            

1ª parte - danças mais vitais e adrenérgicas, que ativam o sistema nervoso simpático;

2ª parte - danças com maior desaceleração do movimento e colinérgicos, que ativam o sistema nervoso parassimpático. 

-      Nesta parte da aula há o convite a não usar a palavra, ou seja, não conversar uma vez que o diálogo muitas vezes nos retira a possibilidade de sentir e ampliar a perceção de nós mesmos e do outro.

-      Ao longo da aula são propostas várias danças, sozinhos, em par e em grupo. Estas danças têm o propósito de serem movimentos plenos de sentido com efeito integrador.

-      Antes de cada dança proposta é dada a pauta teórica e motora; a demonstração do facilitador, que se segue, visa consolidar a pauta dada oralmente para que a dança/movimento tenha integração motora e auto regulação; depois vem o convite à expressão de cada um na dança.

-      Existe a liberdade ao longo da aula, por que razão for, do facilitando não fazer a dança proposta. 

Sobre a Biodanza....

 Texto de Danielle Tavares 

Quando se fala em dançar, as pessoas pensam logo em dança de salão ou em colocar malhas de balé e fazer passos mirabolantes. É difícil pensar numa dança que vá além de padrões estéticos e, ainda mais improvável, conceber uma dança que possa induzir modificações existenciais.

Ao criar esse sistema, Rolando Toro, um antropólogo e psicólogo chileno, pesquisava formas de humanizar a medicina e criar sistemas promotores de saúde. Através de seus estudos antropológicos percebeu que a dança, desde tempos remotos, foi instrumento de vinculação e comunicação, expressando com profundidade conteúdos emocionais humanos: veículo para unir membros do grupo, estabelecer ritos de passagem e celebrações; a dança pode evocar e trasmitir o que sentimos de forma profunda e reveladora. 

O movimento expressa a história de uma pessoa, história que fica impressa nos músculos, na postura, na forma de se deslocar no espaço, de se relacionar com o outro e com o mundo. Ao mesmo tempo que revela, também tem o poder de provocar transformações.

Por isso, Biodanza tem fins pedagógicos para gerar transformações que aumentem a potência da expressão da identidade. A corporeidade possibilita-nos a inauguração dessa educação onde a vivência ganha espaço, fundando singularidades enraizadas na experiência.

Contextualizando, ao investigar a corporeidade no espaço educacional, percebemos que, em geral, as práticas convergem para ‘doutrinar’ e ‘domesticar’ o corpo. Espera-se frequentemente alunos sentados, imóveis, que passivamente recebem conhecimento. O lugar da experimentação, da afetação, do vínculo afetivo com o tema, permanecem como uma realidade distante. O corpo tem sim, um lugar, mas um lugar que tende à homogeinização, à massificação da experiência reduzida à categorias e padrões.

Somando-se a isso, há também a necessidade de eficiência que exige sempre um rendimento progressivo (Hillman, 2001). O aprender fica condicionado à noção de crescer, ficar cada vez maior e melhor. Educar como equivalente de avanço, desenvolvimento. Experimentar, aprofundar, repetir, enraizar ficam subjugados a lugares de menor importância.

Mesmo a criatividade, entendida um caminho amplo de expressão do corpo e suas possiblidades, a partir dos anos 90, se insere no campo educacional para satisfazer necessidades de mercado. O corpo fica submetido à práticas sociais que visam à sua adequação à um ideal, aparece como uma mercadoria de mídias.

Outro fator importante, é o tempo: em uma época pós-moderna de um tempo acelerado, estamos imersos numa excessiva quantidade de estímulos, bem sinalizada por Bauman na sua obra Amor Líquido, onde a experiência fica limitada. Não há tempo a perder! E, sem tempo, não é possível saborear nada.

Resumindo, então, temos um corpo docilizado, submetido à desconfiança de suas manifestações, que precisa obedecer à uma razão que controla sua expressão, que necessita ser, cada vez mais, maior e melhor: eficiência! – e também, atender à necessidades de um mercado que exige ações criativas e que tem pouco tempo a perder, pois a vida pós-moderna é acelerada. Um corpo limitado, exigido, dócil e útil.

A Biodanza é um caminho possível que nos convida retornar ao corpo e seu universo. Cada sessão nos insere num tempo mítico onde nossas dimensões esquecidas podem se expressar. Um convite pedagógico-terapêutico que parte da profunda crença na capacidade de saúde e expressão dos potenciais humano. Através da corporeidade - ‘somos um corpo, e não temos um corpo' - podemos com gentiliza recuperar a capacidade de sentir a vida em sua plenitude e expressar nossos potenciais. Biodanza pretende ser uma prática vivencial de desenvolvimento humano; entende aprendizagem e a subjetivação através daquilo que o corpo pode experimentar - seu movimento, seu sentir, os afetos que lhe atravessam: um corpo vivo que o é a partir do que vive.

Tomando emprestado de Dilthey o conceito de vivência, Rolando a define como a intensa e comovida percepção de estar vivo aqui e agora, com todas as implicações cenestésicas, emocionais, fisiológicas que esta experiência proporciona. A vivência, para ele, tem uma qualidade ontológica que "comunica um conteúdo preciso de sensações e de percepções, e que anula a distância entre aquilo que se sente e a observação do próprio sentir" (TORO, 2002, p. 32). A vivência é tudo aquilo que abarca o instante vivido; é resultado do encontro do sujeito com seu meio, “interação recíproca” que materializa “a categoria fundamental da realidade humana”(AMARAL, 2004, p. 61). Portanto, “a vivência é a própria vida reduzida nas suas proporções mais diminutas e, ao mesmo tempo, mais fidedignamente representativa do modelo em tamanho original”(p 52).

É esse corpo, imprevisível, que descontenta a disciplina e a ordem, que invocamos para aprender. Um corpo vivo e vivente que surprende e suspende quaisquer ‘a priori’ na sua relação com o mundo. Um corpo que pode, que se move, que se apresenta. Um corpo que tem espaço para se experimentar nos afetos. Uma aprendizagem que surge da alquimia de uma relação de encontro com o mundo.

A afetividade contorna todo o sistema e, através dos grupos e dos encontros, podemos nos tornar mais nós mesmos e nos expressarmos sem medo e sem formas pré-estabelecidas.

Através da reaprendizagem de padrões universais do movimento, nos sensibilizamos e nos tornamos mais abertos à vida e suas manifestações. Um corpo mais vivo, vive mais, aprende mais, expressa mais, conecta mais. Vamos ao essencial: existir ao invés de durar! Existir significa ter o máximo de recursos no máximo de tempo; durar significa viver o máximo possível com o mínimo de recursos. Biodanza é um sistema de celebração e exaltação da vida, da aprendizagem pelo prazer, da abundância criativa. É um caminho para que possamos expressar toda nossa beleza e fazer de nossas vidas uma grande obra de arte.